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Supply Chain
December 22, 2022

O futuro da logística no Metaverso

O Metaverso – palavra Macedónia formada a partir do prefixo meta ( do grego “além”, “depois”) e do substantivo universo – agitou os principais players do mundo digital. Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, vê o Metaverso como o futuro da Internet. A sua convicção é tal que fez desta o foco e a nova identidade do seu grupo empresarial. No final de 2021, o Facebook mudou a sua denominação para Meta. Mark Zuckerberg está longe de ser o único interessado no Metaverso, cujas perspetivas comerciais são tremendas. Segundo a PwC, o Metaverso poderá valer 1,500 mil milhões de dólares até 2030! Mas o que é exatamente o Metaverso? E o que irá mudar concretamente no mundo da logística? Nicolas Picquerey, Diretor de Consultoria da Generix, explica-lhe tudo.

Artigo

Ultimamente temos ouvido falar muito sobre o Metaverso. Afinal, de que se trata?

“É um mundo virtual 3D em que todos podem viver experiências em tempo real – trabalhar, interagir, fazer trocas, jogar… – através de um avatar. As pessoas confundem, frequentemente, metaverso com realidade virtual (VR), mas o Metaverso é muito mais amplo”, explica Nicolas Picquerey.

À semelhança de Nicolas Picquerey, Matthew Ball, uma referência nesta área, faz a seguinte comparação: “A Realidade Virtual é uma forma de evoluir no Metaverso. Dizer que a RV é o Metaverso, é como dizer que a Internet móvel é uma app.”.

Qual será o impacto do Metaverso no mundo logístico?

“O Metaverso abre um novo canal de comunicação entre marcas e clientes, tornando possível a interação com produtos virtuais, quer no mundo real, quer antes da sua materialização.

Graças a isto, vamos poder experimentar mobiliário através de uma réplica virtual da nossa casa. A partir de uma digitalização da sala de estar, será possível escolher entre diferentes modelos de sofás ou mesas de café que gostamos. Além disso, será possível criar avatares que são o reflexo do nosso corpo e fazê-lo experimentar roupas em websites virtuais para verificar o corte, a cor e o tamanho, e ainda para garantir que gostamos do nosso aspeto, antes de comprar.

Existem outras coisas que podem ser feitas, porque no mundo virtual as possibilidades são acrescidas. As marcas serão capazes de oferecer uma gama muito mais vasta de produtos e disponibilizar serviços personalizados. Serão capazes de testar novos produtos com grande facilidade, mas também verificar o interesse dos clientes, sem pagar todos os custos de desenvolvimento e produção… Em termos concretos, os clientes vão ser seduzidos no Metaverso, comprar em Bitcoin e receber produtos “perfeitos” no local que escolherem. Esta multiplicação da oferta em função das necessidades fará com que a logística evolua obrigatoriamente para um novo modelo, baseado em pontos de armazenamento centralizados e altamente especializados, capazes de produzir ou concluir uma personalização e capaz de satisfazer, rapidamente, uma área alargada (Europa, América…). A bipolaridade que está atualmente equilibrada entre o comércio tradicional e o e-commerce verá os conceitos mudarem novamente através de um canal adicional de relação com o cliente. Isto irá acentuar ainda mais a preparação e entrega de uma única encomenda.”

É possível existir uma supply chain exclusivamente virtual?

“Sem dúvida! Mas tal como no mundo real, será necessário gerir os fluxos entre o consumo virtual e a produção virtual. Consideremos o exemplo de uma empresa que produz sapatos virtuais personalizados: para ajustar os sapatos ao pedido do cliente, a intervenção humana ainda é necessária atualmente. Isto significa que podem existir congestionamentos de produção, já que uma pessoa só pode personalizar um número finito de sapatos por dia. Ao utilizar inteligência nos próprios sistemas, será possível prever tendências, fazer previsões de intenção de compra ou pré-venda de certos produtos, de forma a preparar o fabricante. Outro exemplo, ao produzir 80% dos produtos semi-acabados com antecedência, o fabricante poderá reagir facilmente à procura. O acabamento dos produtos pode ser feito através de equipamento de controlo numérico automatizado, incluindo uma embalagem personalizada.”

Pode-se aplicar o tema da segurança à compra de objetos virtuais?

“Claro que sim. Atualmente, as obras de arte virtuais já estão seguras. No futuro, quando o mercado de produtos virtuais personalizados se tornar mais democrático, será igualmente importante protegê-los. Por exemplo, poderá oferecer-se ao cliente um cofre virtual onde todos os seus produtos estejam seguros. Para colocar os sapatos personalizados no seu avatar, o cliente teria apenas de os solicitar ao armazém virtual, que lhe permitiria utilizá-los e voltar a protegê-los após a utilização.”

Poderá a gestão dos armazéns físicos também ser transformada pelo Metaverso?

“Menos do que as lojas, mas o princípio de criar um site logístico idêntico no Metaverso pode ter inúmeras vantagens. Por exemplo, pode-se imaginar um trabalho de monitorização e previsão da atividade do armazém, bem como a realização de algumas das operações à distância, através da conexão com o Metaverso, quer seja em casa quer no local de trabalho. Por exemplo, à semelhança de como os cirurgiões operam, atualmente, de forma remota: calçam luvas que lhes permitem controlar um robô à distância. Imaginemos o trabalho de um operador de empilhador num armazém de alimentos congelados, mas… a partir de uma sala à temperatura ambiente!”

Considera que existem outros benefícios adicionais?

“Identifico pelo menos dois. O primeiro é promover o conceito “gémeo digital”. Câmaras em miniatura instaladas pelo armazém, que não só mapeiam os espaços, mas também rastreiam o movimento de mercadorias, pessoal e gestos feitos… Este gémeo digital, associado à IA, poderá encontrar soluções para melhorar e otimizar o funcionamento do armazém, bem como desafiar o funcionamento existente.”

Qual seria o segundo benefício?

“Este modelo idêntico do armazém também poderia ser interessante para efeitos de formação. Por exemplo, poderia ser feita uma pré-visita virtual do site logístico, de modo a integrar novos funcionários com maior rapidez ou para mostrar locais de risco através de ações virtuais, sem perigo. Também seria possível dar formação à distância em funções de gestão de armazéns (motoristas de empilhadores, pickers de encomendas, etc.). Isto é promissor, porque atualmente é dispendioso e demorado formar operadores, especialmente porque a elevada sazonalidade da operação exige periodicamente a utilização de trabalhadores temporários. Se existir a possibilidade de cada futuro operador ser formado em casa, o gestor do armazém pode garantir que terá colaboradores competentes e produtivos, desde o primeiro dia.”

Fonte: business.ladn.eu (FR)

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