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Atualmente, vários fenómenos conduzem à estruturação da logística urbana adaptada às limitações da distribuição. A começar pelo fenómeno de congestionamento nas cidades e a mudança nos hábitos de consumo.
Face ao crescimento demográfico dos grandes centros urbanos, as marcas foram forçadas a reagir, adotando uma estratégia de aproximação dos seus clientes. Como resultado, o número de pontos de venda no centro da cidade aumentou de forma significativa. Ao mesmo tempo, as referências nas lojas aumentaram, reduzindo a capacidade de armazenamento de produtos nas lojas. Numa altura em que os armazéns foram reduzidos ou mesmo eliminados, com uma grande procura de produtos frescos e personalizados, são necessários esforços adicionais para melhorar a rotatividade de stocks. Desta forma, para combater a concentração de fluxos de automóveis e transportes durante o dia, tornou-se essencial repensar os modelos de entrega na cidade.
A logística também está a mudar sob o efeito pressão dos consumidores, que estão cada vez mais adeptos das entregas ao domicílio e das compras online de bens de consumo diário. De acordo com o FEVAD, atualmente, 37,5 milhões de utilizadores fazem as suas compras online e 500 milhões de encomendas são entregues todos os anos graças ao comércio eletrónico. Este aumento de volumes, associado a um aumento das entregas nas zonas urbanas com envios cada vez mais fragmentados, continua a suscitar o receio de asfixia no centro das cidades.
Numa lógica de proteção do comércio de proximidade e de regulação do tráfego urbano que se tornou extremamente importante, o setor da logística urbana iniciou a sua transformação. No entanto, os profissionais da supply chain precisam de redobrar os seus esforços para enfrentar vários desafios importantes e responder de forma eficaz aos restrições económicas, sociais e ambientais.
O último elo da Supply Chain é o mais caro, representando aproximadamente 20% do custo total. Isto ganha cada vez mais importância hoje em dia, pois as exigências dos consumidores estão a levar os agentes do comércio eletrónico e da Supply Chain a rever os seus processos de distribuição. O objetivo das empresas logísticas é, deste modo, aproximar-se o mais possível do centro nevrálgico das cidades.
Atualmente, considera-se que o setor do transporte é responsável por entre 35 a 50% das emissões de gases efeito de estufa, e que o transporte de mercadorias representa entre 15 a 20%. Depois de abordar as emissões do transporte de passageiros, as políticas públicas visam também reduzir a parcela do transporte de carga na mesma área. O setor de logística urbana enfrenta, desta forma, políticas ambientais cada vez mais restritivas.
Em Paris, por exemplo, o transporte urbano de mercadorias também representa 15% da movimentação de veículos, com uma taxa de ocupação das estradas de 25%. As mercadorias que transitam na cidade representa m anualmente um peso de 55kg por francês e um total de 219 milhões de toneladas por ano para toda a população. Estes números significativos explicam, por si só, a razão pela qual as autoridades locais iniciaram uma verdadeira caça à poluição ambiental e sonora.
Isso sem mencionar a problemática de escala a gerir em termos de políticas de transporte, estacionamento e desenvolvimento, acresce também a poluição ambiental e sonora. Desta forma, a política de estacionamento é tida em consideração a nível municipal, obrigando as transportadoras a adaptarem-se a cada município. O trabalho dos agentes da logística urbana torna-se ainda mais complexo.
Exigindo sérios direitos de passagem e o cumprimento das rígidas regras de segurança, atualmente, os armazéns logísticos são difíceis de registar nas áreas urbanas. Além disso, o Código Comercial exige a presença de um destinatário para a entrega das mercadorias, o que limita a possibilidade de entrega em horário atípicos.
Neste contexto difícil, os agentes da logística urbana têm demonstrado uma imaginação sem precedentes nos últimos anos. Em colaboração com as autoridades locais, estão a experimentar diferentes soluções que combinam partilha de transporte, transporte multimodal e soluções logísticas inovadoras.
A partilha de transporte é uma estratégia para enfrentar o desafio da logística urbana. Nos últimos anos, o transporte multimodal e a estruturação de plataformas logísticas partilhadas nas zonas urbanas foram objeto de experiências particularmente interessantes. Os princípios são simples, mas ambiciosos: aumentar os fatores de carga dos veículos, partilhar os custos de armazenamento e entrega, incentivar a massificação dos fluxos e a utilização do transporte ferroviário e fluvial.
Para conciliar a logística urbana e a qualidade de vida, muitas marcas já estão a testar diferentes estratégias de transporte multimodal, como a Monopix e a Franpix.
Para o abastecimento das lojas em Paris, a Monoprix, por exemplo, optou por combinar o transporte ferroviário com o rodoviário. As mercadorias são transportadas numa primeira fase por caminho-de-ferro, dos armazéns para uma plataforma logística com sede em Bercy. De seguida, camiões equipados com sistemas de redução de ruido e veículos a gás e elétricos entregam aos consumidores no seu domicilio.
Graças a uma parceria entre a transportadora XPO Logistics, os Portos de Paris e os Voies navegáveis de França (Autoridade de navegação francesa), as lojas Franprix do grupo Casino optaram pelo transporte fluvial no Sena.
Ao mesmo tempo, os operadores e as autoridades locais estão a realizar outras experiências de transporte multimodal. Trata-se da entrega de mercadorias pesadas através de transporte fluvial proposta pelo operador belga Blue Line Logistics e de uma transformação de um antigo tramway (comboio elétrico) num comboio de carga de mercadorias, um projeto liderado pela metrópole de Saint-Étienne.
As zonas de entrega, embora sejam importantes instalações logísticas urbanas, infelizmente ainda são ocupadas frequentemente por veículos particulares, forçando o pessoal de entrega a estacionar ilegalmente. Para evitar estes problemas, estão a ser estudadas soluções como o controlo dos parques de estacionamento por brigadas especializadas ou a utilização de sistemas tecnológicos.
A observação é clara: a função logística afastou-se gradualmente do centro da cidade devido aos custos dos terrenos. A recuperação de terrenos logísticos no centro da cidade é, sem dúvida, uma das vias estratégicas a ser explorada para facilitar o fluxo de mercadorias nas áreas urbanas. Esta estratégia requer, em particular, a identificação de reservas de terrenos e a disponibilidade de espaços de dimensão suficiente a preços acessíveis.
Entre as soluções que podem dar uma resposta interessante em temos de logística urbana, estão também alguns conceitos inovadores de hotéis logísticos ou city hubs multifuncionais. O objetivo é combinar diferentes funções complementares dentro da mesma abordagem de desenvolvimento sustentável: plataformas de descarga de comboios e camiões, combinadas com plataformas de carga para veículos ligeiros para entregas, zonas de armazenamento e preparação, escritórios, etc., tudo com elevados padrões de qualidade ambiental.
Várias área urbanas já apoiam e acolhem este tipo de projetos de estruturação. A área de Gran Lille, um espaço logístico polivalente, com uma área de 8 hectares, encontrou o seu lugar na zona portuária. Em Saint-Étienne, a área urbana optou por partilhar a sua plataforma de distribuição para entregar mercadorias no coração da cidade através de veículos elétricos. Em Paris, o projeto Chapelle International é um verdadeiro teste de escala com a construção de um hotel logístico de 45.000 m2 num antigo terreno baldio ferroviário localizado na Puerta de la Chapelle, no 18º arrondissement.
A logística urbana ocupa agora um lugar preponderante nos fluxos de transporte registados a nível nacional. Representa de igual modo um desafio importante para os operadores logísticos, que devem propor novos esquemas organizacionais alinhados aos desafios comerciais, urbanos e ecológicos que estão em jogo nos territórios a serem investidos. Muitas ações já foram tomadas para apoiar a sua transformação: o investimento em logística e o desenvolvimento de centros urbanos fazem parte das soluções futuras concebidas para continuar a satisfazer as necessidades de todos, respeitando as preocupações de todos.
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